O legado da Rua de Baixo
por Manoel Hygino*
Dele se poderá dizer, sem medo de errar: é uma joia.
Refiro-me a “Rua de Baixo”, livro que tem subtítulo “o passado reencontrado.
”Seus organizadores foram Fabiano Lopes de Paula, Adriana Lopes de Paula
Andrade, Bernadete Versiani Santos e Virgínia de Paula.
Os textos, incluindo a poesia, são de mencionados autores,
além de João Soares da Silva, Nair Maria Machado Souto, Maria Lúcia Oliveira
Teixeira, Wagner Gomes, Magda Caribé, Walda Ataíde, Waldoniza Maria de Souza,
Palmira Oliveira Teles, João Caetano Canela, Beatriz Sarmento Veloso, Cláudia
Veloso Colen, Dulcivânia Ferreira Leite, Iolanda Xavier Souto, Diomar Alves de
Souza, Maria do Carmo Batista, Maira Eny Lopes dos Santos, Lúcia M. Oliveira,
Ruth Tupinambá Graça, Luiz Ortiga, Wilson Castro Brito, Maria Aparecida
Soledade Brito, Maria da Glória Xavier (Dudu), Adriana Lopes de Paula, Maria
Marcolina Teixeira Figueiredo (Naná), Fábio Guerra Maurício, Maria Aparecida de
Paula (Lota), Vera Lúcia Andrade, Maria de Lourdes Souza Vieira, Maria José
Freitas (Zezé), Luciano Lopes de Paula, Raimundo Nonato de Freitas Júnior,
Sueli Teixeira de Freitas, Francisco Lopes (Tico Lopes), Maria das Graças
Queiroz Maurício, Murilo Maciel, Haroldo Lívio, Geraldo Prates e Augusto
Vieira.
Vê-se que o parágrafo ficou extenso, para um comentário com
o espaço restrito que lhe é destinado. Mas não deixaria de relacionar os nomes
dos colaboradores de volume tão precioso a Montes Claros e tão caro aos que ali
nasceram e a amam. Tampouco ignoraria a arte de José Augusto Ramos, as
fotografias do acervo dos autores citados, do “Álbum Moc Antiga” e Facebook de
Maria das Dores Guimarães Gomes e Wagner Gomes. Da cuidadosa revisão, se
encarregaram Cristina Lopes Oliveira, Bernadete Versiani dos Santos e Júlia
Leocádia das Graças.
A edição não é nova, mas a valia da obra é permanente, pela
sucessão de depoimentos, pelo material que enriquece a iconografia, pelo
prefácio de Antônio Roberto. Este não esquece o padre Dudu, pároco da matriz,
tampouco Anália, amiga da família – “eterna e principal dama da noite e a mais
ilustre cafetina do Norte de Minas. Era ali em seu recanto de sonhos e mulheres
dadivosas, na rua proibida para filhas virtuosas, que os mais conceituados
homens da Rua de Cima deitavam seus corpos e entregavam suas almas”.
Entre os que comparecem a estas páginas, em textos e
imagens, alguns não estão mais fisicamente entre nós, como Haroldo Lívio. Sua
presença, porém, neste verdadeiro álbum, constitui sincera homenagem e atestado
de perenidade que a “Rua de Baixo” conquista. Trata-se mais do que uma peça
literária. É uma obra de reconstrução histórica extremamente rica, que
transporá os limites do tempo, com fatos e imagens de comovente beleza.
Como Geraldo Prates, de uma família de gente querida da
parte de baixo da cidade, os que viveram na parte de cima, lembrarão a exibição
da Euterpe no terraço do edifício do semanário “Gazeta do Norte, executando
velhos dobrados de bandas. Na Gazeta, publiquei meu primeiro artigo. O jornal,
de propriedade de Jair Oliveira, fundado pelo pai, José Tomás, me abriu as
portas.
* Jornal Hoje em Dia