DE NOSSO
SENHOR DO BONFIM -
A "IGREJINHA DOS MORRINHOS"
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Igrejinha dos Morrinhos |
A Arquiteta e
Urbanista SANDRA FOSQUE SANCHES, graduada pela Faculdade de Belas Artes de São
Paulo, em 1984, Diretora de Promoção e Extensão Cultural de Ouro Preto,
detentora de vasto conhecimento e longa experiência nas áreas de Patrimônio
Cultural e Museologia, com ênfase em ações educativas e projetos de restauração
do patrimônio histórico, artístico e cultural, atuando principalmente no
patrimônio cultural brasileiro, conservação e restauração do patrimônio
cultural, educação patrimonial e políticas públicas de preservação, esteve em
Montes Claros nos últimos dias 19 e 20 de fevereiro (quarta e quinta-feiras),
para Visita Técnica e análise, avaliação e parecer de todo o minucioso,
detalhado e perfeccionista processo de restauração pelo qual vem passando a
histórica Capela de Nosso Senhor do Bonfim, popularmente conhecida como
"Igrejinha dos Morrinhos", pertencente à Paróquia de Santa Rita de
Cássia da Arquidiocese de Montes Claros, cujo Pároco é o muito querido e
admirado Padre Pedro Henrique da Cruz, extraordinariamente inteligente,
preparado e competente (é ainda laureado professor do Seminário local), filho
da vizinha Bocaiuva, com Montes Claros já o tendo adotado de alma, espírito e
coração, por tudo que faz e representa para a cidade e região, com toda
sabedoria e prática rígida dos princípios religiosos, seguindo os seguros e
abençoados passos do grande e respeitado Arcebispo de Montes Claros, Dom João
Justino de Medeiros Silva, um ser em tudo iluminado!...
Sandra Fosque Sanches foi
Presidente do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de Ouro
Preto - COMPATRI e Diretora da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP). A
arquiteta é expoente na valorização do patrimônio histórico de Ouro Preto,
tendo representado a cidade na Conferência Nacional de Cultura. Atualmente, Sandra
Sanches é Assessora de Promoção da FAOP e mestranda em História pela
Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, com notável trabalho realizado na
área de preservação e conservação do patrimônio histórico, artístico e cultural
em várias cidades!
Assim, a nossa bela e histórica
"Igrejinha dos Morrinhos", símbolo do Patrimônio Histórico da cidade,
peça importante no acervo cultural-religioso de Montes Claros, esteve recebendo
a importante Arquiteta, para fins de avaliação final, visando ao prosseguimento
ainda mais claro e definido das obras de restauro de uma das mais antigas
construções religiosas da cidade, que ainda conserva grande parte de suas
características originais, com prospecções sendo ali realizadas, buscando
resgatar parte das características originais perdidas em obras de reforma, que
pressupõe descaracterização, ocorridas em passado ainda recente, e não
restauração de fato, como a iniciada em 1996, tendo à frente o renomado
Arquiteto e Urbanista Wellington de Carvalho, do Instituto Estadual do
Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais - IEPHA-MG, obras estas
patrocinadas pelo saudoso empresário Sebastião Landes Tolentino, da
"Sementes Tolentino", que cobriu todos os altos custos das obras de
restauro - cerca de 70 a 80% delas - referentes a materiais de alta qualidade,
os mais adequados, apropriados e especiais, maioria deles adquirida em Belo
Horizonte e outras cidades, além da equipe de obras especializada em
restauração, também de BH, pois a Igrejinha dos Morrinhos, na década de 1990,
apresentava risco de desabamento iminente e, segundo avaliação de técnicos,
entre engenheiros civis e arquitetos, "em três meses iria ao chão,
desabaria, se nada fosse feito!" Antes de mais nada, foi feita a devida e
indispensável escora ou escoramento, reforço estrutural amplo e, logo após,
tiveram início as longas, minuciosas e primorosas obras de restauração!...
A necessidade e a importância de
preservação da Capela de Nosso Senhor do Bonfim, tombada pelo município, após
deliberação nesse sentido do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico,
Artístico e Cultural de Montes Claros - COMPHAC, de modo a resguardar a
história da cidade de Montes Claros, de Minas Gerais e do país, vêm sendo a
grande preocupação e ocupação, desde os últimos meses do ano passado, do grande
Padre Pedro Henrique da Cruz.
HISTÓRICO E ASPECTOS
ARQUITETÔNICOS:
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Visão interna da Igrejinha dos Morrinhos |
A primeira notícia que se tem da
Capela é uma nota do Jornal "Correio do Norte", dando conta de que a
Sra. Germana Maria de Olinda abrira uma subscrição, em 1884, para angariar
esmolas para a construção de uma capela, em pagamento de promessa feita a Nosso
Senhor do Bonfim. A campanha foi bem aceita pela população, que contribuiu em
massa. Apesar das quantias pequenas, o fato de serem numerosas fez com que Dona
Germana arrecadasse valor significativo. Construída pelo engenheiro francês
Caillaud, a 14 de setembro de 1886, a Capela foi solenemente inaugurada pelo
Padre Manuel Ribeiro Assunção. Embora tivesse como padroeiro ou orago Nosso
Senhor do Bonfim, imagem doada pelo desembargador Antônio Augusto Veloso, a
Capela chamou-se, inicialmente, "Capela de Santa Cruz", que
permaneceu desativada por longo período, devido ao seu afastamento do núcleo
urbano da cidade e à ausência de sacerdotes. Em 1930, reparos efetuados pelo
Dr. Marciano Alves Maurício descaracterizaram-na. Posteriormente, no final da
década de 1940 - o mesmo que se quer agora - retomou sua forma original,
através de intervenção realizada, no final da década de 1940, por Demóstenes
Rockert. Embora tenha passado, ao longo do tempo, por diversas reformas,
manteve, no entanto, sua arquitetura original, até obras descaracterizantes
realizadas em 2007. Dona Germana Maria de Olinda faleceu aos 86 anos de idade,
no dia 15 de novembro de 1902, sendo o seu corpo justa e merecidamente
sepultado no interior da capela, capela que ela construiu com muito trabalho e
esforço, num trabalho de fé e devoção a Cristo.
A edificação, de linhas simples,
porém de formas belas e graciosas, desfruta de situação urbana privilegiada,
localizando-se em outeiro destacável na paisagem da cidade. Implanta-se em adro
ajardinado e cercado, onde destaca-se o cruzeiro em madeira. Desenvolve-se em
corpo central, com torre sineira única, ladeado por corpos laterais mais
baixos, permitindo, no desvão das coberturas, a iluminação da nave, através de
claraboia fixa. As coberturas são em telhas curvas, sendo a torre única
envolvida pelas duas águas do corpo central que acompanha o chanfro da fachada.
A torre apresenta cobertura em quatro águas de telhas de zinco, estruturada e
vedada em madeira. A fachada, chanfrada, recebe vãos emoldurados e vedados em
madeira, correspondendo em alinhamento às três portas, três janelas à altura do
coro, no corpo central; e duas portas nos corpos laterais. Internamente, a decoração
é bastante singela, dispondo apenas de um retábulo de feição popular, mas de
beleza ímpar.
SOBRE O RETÁBULO-MOR:
O Retábulo-mor foi confeccionado
pelo Mestre Constantino Martins Rêgo, no final do século XIX, de grande
simplicidade, ao gosto popular, porém, de rara beleza. Está estruturado no seu
terço principal por pilastras que recebem ornamentação com motivos fitomorfos
(cachos de uvas), observando-se perfil recortado no camarim. O coroamento, em
arco, recebe pintura com motivos florais e arremate em raios. As laterais do
retábulo são resolvidas de forma incomum, com a presença de três nichos
sobrepostos, ocupados por imagens de gesso. O sacrário é ladeado por quadros
com ornamentação central e encimado por pequeno frontão em curva. No trono, escalonado,
encontram-se as imagens de Nossa Senhora Aparecida e do Senhor do Bonfim (em
madeira - peça de melhor qualidade). O retábulo foi repintado, em torno do ano
de 1985, em tons de azul, cor esta predominante, com detalhes em dourado.
RESTAURAÇÃO ATUAL - CORPO
TÉCNICO:
Os arquitetos e urbanistas
montes-clarenses envolvidos nas atuais obras de restauração da histórica e
importante Capela de Nosso Senhor do Bonfim, a Igrejinha dos Morrinhos,
pertencente à Mitra Diocesana de Montes Claros, são o Mestre Gilner Rocha,
Daniel Ortiga e Régis Eduardo Martins, que integra a Comissão Arquidiocesana de
Arte Sacra e Bens Culturais da Arquidiocese de Montes Claros, tendo à frente o
Padre Pedro Henrique da Cruz, que não tem medido esforços, com todo zelo,
cuidado e conhecimentos preservacionistas, para fazer o melhor pela Igreja
ligada à Paróquia de sua responsabilidade!... Da reunião com a Arquiteta Sandra
Fosque participou também Raquel Mendonça, Gerente de Preservação e Promoção do
Patrimônio Cultural de Montes Claros da Secretaria Municipal de
Cultura/Prefeitura de Montes Claros, além de membro fundadora (1985) e
integrante do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural
de Montes Claros - COMPHAC, hoje Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de
Montes Claros - COMPAC. O convite a Sandra Sanches partiu da Paróquia de Santa
Rita de Cássia/Arquidiocese de Montes Claros, que cobriu todos os custos de
passagem, hospedagem e alimentação da arquiteta na cidade, onde só pôde
permanecer dois dias, em razão dos muitos compromissos de trabalho em Ouro
Preto e outras cidades.
OBSERVAÇÃO NECESSÁRIA:
Os custos das obras de
restauração da Capela de Nosso Senhor do Bonfim, Igrejinha dos Morrinhos, com
prazo de 06 (seis) meses estipulado pela 7ª Promotoria de Justiça de Montes
Claros/MPMG (Curadoria de Defesa de Meio Ambiente, Patrimônio Histórico,
Habitação e Urbanismo, Direitos Humanos, Apoio Comunitário e Conflitos
Agrários), vêm sendo cobertos pelo valor arrecadado através das ofertas de
fiéis, nas Missas em Igrejas da Paróquia de Santa Rita; realização de leilões,
rifas e pequenas doações. Uma pena que Montes Claros não tenha se
conscientizado ainda que o Patrimônio Histórico e Cultural da cidade são de
interesse de toda a população!... Se médias e grandes empresas, entidades,
instituições contribuíssem espontaneamente, com o máximo possível - o que
acontece frequentemente em muitas cidades culturalmente mais avançadas - as
dificuldades seriam bastante reduzidas para o Padre Pedro Henrique da Cruz.
Quanto a Leis de Incentivo Cultural, estadual ou federal, elas demandam muito
tempo, para confecção de projeto, cadastramento no SALIC ou plataforma do órgão
receptor; análise, aprovação e, só então, possível habilitação - caso o projeto
não apresente problemas e tenha de ser refeito - para que o proponente possa,
então, buscar os recursos, normalmente via empresas patrocinadoras, através de
renúncia fiscal. Outra forma é o patrocínio direto, via Editais, por meio dos
Fundos Estaduais, como o FEC - Fundo Estadual de Cultura r o Fundo Nacional de
Cultura, que, igualmente, passam por longo processo, até a sua finalização e
recebimento.