* Raquel Mendonça
Houve muitas
perdas históricas, sim, ao longo do tempo, que poderiam ter sido evitadas com o
ato de tombamento, dependente da (boa) vontade e decisão do Executivo, mas, por
outro lado, houve também ações de preservação eficientes e há, sem dúvida,
muitas ações patrimoniais em curso.
A antiga
"Cachaçaria de Durães", por exemplo, inventariada pelo IEPHA/MG -
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, situada
na Rua Justino Câmara, n°s. 67-69/Entorno Histórico Nobre da cidade, já teve as
obras de restauração efetivamente iniciadas por seu proprietário, Dr. Wagner
Gonçalves Lafetá Rabelo, com base em projeto assinado pelo Arquiteto e
Urbanista Sidcley Barbosa, junto à Designer Gráfica Cecília Lenoir, devidamente
analisado, avaliado e aprovado por nós e pelo Conselho Municipal do Patrimônio
Cultural de Montes Claros - COMPAC.
Imaginam muitos que ela
foi cercada para demolição (e isto normalmente não acontece!), mas, na verdade,
foi para receber obras de restauro ou restauração! Houve demolições
irregulares, sim, de casas situadas na Área de Perímetro Histórico ou Preservação
do município, na calada da noite, em finais de semana, junto a feriado, quando
não há fiscalização municipal e o nosso setor se encontra fechado, porque, para
muitos, a memória, a história da cidade, parte mais que importante,
imprescindível de sua identidade cultural, não têm o menor valor, e somente o
"dinheiro", o valor material do bem lhes importa!
Entre as muitas
conquistas na área de Patrimônio Histórico e Cultural de Montes Claros,
destaque para a finalização, com escritura registrada em cartório, da
negociação do "Sobrado de Dulce Sarmento" (antiga Pensão de Dona Geny
Mendes Ribeiro), situado na Rua Justino Câmara, n° 114, c/ Cel Celestino,
através de permuta com lotes públicos, sobrado este que, assim que restaurado,
receberá, afinal, o importante "Museu da Imagem e do Som de Montes
Claros", com os ricos acervos de Valdomiro Souza (Miro Vídeo), já doado à
Prefeitura de Montes Claros; do PROMEMOC - Pró-Memória de Montes Claros (Núcleo
do futuro Museu que funciona na Secretaria Municipal de Cultura), da Fotógrafa
de Arte Ângela Martins Ferreira e muitos outros mais!...
O
"Sobrado dos Teles de Menezes", localizado na Rua Justino Câmara, n°
93, que se encontra em péssimo estado de conservação, bastante degradado,
deteriorado, apresentando risco de desabamento iminente, já se inclinando para
o fundo, as bases frontais visivelmente comprometidas; reboco, telhado,
cimalhas caindo..., o que foi por diversas vezes comprovado pelo Corpo de
Bombeiros Militar e Defesa Civil do município, passará por obras de escoramento
(reforço estrutural amplo), com o processo para tal já bastante adiantado na
Secretaria Municipal de Obras, tendo como base projeto do engenheiro civil
Carlos Eduardo Ferreira de Brito e do arquiteto e urbanista Hélio Renato Silva
Brantes, e receberá, em seguida, o devido lonamento, com vistas à melhor
conservação e aquisição/restauração pelo município do belíssimo
"Sobrado", onde residem, perigosamente, dois herdeiros idosos, Srs.
Waldir e Valdevi, negociação esta intermediada pelo Ministério Público local,
através da Promotora de Justiça, Dra. Aluísia Beraldo Ribeiro, da 7a.
PJMOC/MPMG...
Por outro
lado, o extenso lote situado ao lado do "Sobrado dos
Versiani-Maurício" (Casarão dos Maurício), na Rua Cel. Celestino, n° 99-A,
de propriedade de Daniela Maurício (neta de João Valle Maurício e Milene
Antonieta Coutinho Maurício) e família (Alberto e filhos), está em fase de
aquisição pela Prefeitura de Montes Claros, com a possibilidade de ser também
através de permuta com lote(s) público(s), onde deverá ser construído,
finalmente, o primeiro Grande Teatro da "Cidade da Arte e da
Cultura", projeto no mínimo esplêndido, extraordinário do arquiteto e
artista plástico Hélio Brantes!...
A "Casa
de Dona América", situada na Rua Dona Eva (Eva Bárbara Teixeira de
Carvalho, fundadora da Banda Euterpe Montesclarense), n° 04, quase em frente ao
imponente Sobrado da Escola Nornal/FAFIL, onde foi implantado o Museu Regional
do Norte de Minas da Universidade Estadual de Montes Claros/UNIMONTES, não
deverá ser demolida, como pretendia a sua proprietária, mas sim negociada com a
Prefeitura, também através de permuta com lotes ou bens imóveis públicos, com o
nome de Gilberto Eleutério à frente.
A lista de
problemas, dificuldades (dão no mínimo um "e-difícil" de 200 a 300
pavimentos...) e vitórias no setor é longa! Que tal você também empunhar com
firmeza a bandeira de defesa do patrimônio cultural?!