Exposição " O Circo da Vida"
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Vivi
minha infância nos anos 80, geração que cresceu em frente à televisão recebendo
influências da “Cultura Pop”. Foi uma época em que existia muita programação
voltada para o público infantil, com seus desenhos animados e programas
apresentados por bonecos (Muppets) que me encantavam. Mas me admirava também
com os filmes da “Sessão da Tarde” que insistia em reprisar grandes aventuras
dos anos 50, 60, 70... como Simbad e o Olho do Tigre, As Sete Faces do Dr. Lao,
Fúria de Titãs, Star War... e tantos outros, com todo aquele mistério, magia e
criaturas monstruosas, germinando em mim
o gosto pelo cinema, mitologia grega, pela arte de desenhar, por todas as artes
de uma forma geral. Então tive meus ídolos como qualquer criança: Maurício de
Souza, Disney... mas quem mexia com minha imaginação mesmo era um que eu nem
sabia o nome, que vim a conhecer sua obra depois de adulto, o mestre do “Stop
Motion”, Ray Harryhausen, responsável por criar os monstros mais bizarros dos
filmes antigos, de uma época em que não existia computação gráfica. Daí nasceu
meu encantamento por bonecos e, como resultado, esta exposição que resolvi
intitular de “O Circo da Vida”, em que apresento tipos diversos, como num circo
de atrações exóticas que despertam ao mesmo tempo medo, curiosidade e
fascinação, onde o mestre de cerimônias é um velho mandarim chinês que anuncia
suas atrações sem revelar como as reuniu ao longo dos anos ou séculos...
ninguém sabe. Desde a mulher mais gorda do mundo até Zeus, o deus dos raios e
trovões, passando por Carmem Miranda representando o exotismo da América da Sul
até a melindrosa dos anos 20 e porque não uma velha feiticeira que pode ver seu
passado, presente e futuro; uma misteriosa gueixa de gestos delicados vinda do
distante Japão, criaturas nunca vistas pelos olhos humanos como o centauro, até
chegar nos personagens típicos do nosso Brasil, como o deus Tupã, a negra
rezadeira que lava roupas no rio São Francisco, Lampião e Maria Bonita, figuras
tão encantadas quanto qualquer outra. Como esse velho mandarim reuniu tais
figuras? Quem sabe? Esse é um dos grandes mistérios do circo, que nos fascina
assim como a vida.
Marcelo
de Castro Dettogni
*Artista
Plástico e Professor de Artes Visuais
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Nas
semanas anteriores às Festas de Agosto, em 2015, o artista visual Lucas
Viggiani e a pesquisadora Mayra Fonseca fizeram uma série de visitas,
entrevistas e observações de ensaios dos mestres de cultura de Montes Claros:
catopês, marujos, caboclinhos. Com o objetivo de entender a formação
(preparações, rituais, celebrações), transformação e resistência de um Catopê
em Montes Claros, Lucas e Mayra se propuseram a contar a história do folguedo
através de um olhar contemporâneo para o indivíduo, misturando a linguagem da
fotografia, do texto ensaístico e de entrevistas.
A
exposição se propõe a contar histórias dos brincantes da cultura dos Montes
Claros: quem são essas pessoas, quais são os seus brinquedos populares
(seresta, catopé, ciranda, cantigas de roda...), como esses brinquedos surgiram
e inspirados em quê, o que precisa ser preservado dessas tradições... Um
trabalho de documentação em entrevista e fotografia para estimular a
salvaguarda e propagação da vida e obra dos patrimônios vivos da cidade.
A
exposição será aberta ao público no próximo sábado, dia 23 de julho, à partir
das 18h00. Em meio à exibição do resultado dos trabalhos acontecerá, ainda, uma
homenagem aos mestres catopês de Montes Claros, às 19h00, que será seguida de
uma mesa de debate com os autores da exposição, com a participação do mestre em
História Social, o professor Jânio Marques Dias, e mediação da professora e
integrante dos catopês Maria Ângela Figueiredo Braga.
O
evento conta com o apoio da Unimontes, do Museu Regional do Norte de Minas, do
Idea Espaço Cultural (BH/MG), do projeto Brasis, da Viggi Fotografia Criativa e
do Buffet Maria Sabor.
Homenagem
aos Mestres catopês!...
Data: 23
de julho à 09 de Setembro de 2016
Horário:
À partir das 18h00
*Entrada Gratuita
Endereço do Museu Regional do Norte de Minas:
Rua Coronel Celestino, 75, Centro. Montes Claros, Minas Gerais.