segunda-feira, 12 de março de 2018

- Crônica -

MÊS DA MULHER: 
SEJAMOS TODAS GUERREIRAS, DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA 
* por Raquel Mendonça


Desde que me entendo por gente - já era bastante consciente disso aos quatro, cinco anos... - e, de modo especial, por mulher, assumi, intimamente, a condição de feminista, porque ser feminista é tão somente defender os direitos plenos da mulher no mundo ainda predominantemente machista, o que nos prejudica a todas, em todos os aspectos, interesses e setores!... Sou, portanto, partidária do feminismo, sim, que necessita ser, finalmente, melhor entendido, compreendido!

Do francês, "féminisme", é o "movimento daqueles (mulheres e homens, avós e avôs, mães e pais, irmãs e irmãos...) que preconizam a ampliação legal - afinal - dos direitos civis e políticos da mulher ou a equiparação dos seus direitos aos dos homens." Ser feminina - não se confundir com frágil, inferior - é natural, é lindo; ser também feminista é fundamental. Daí não entender por que tão combatido!!

"Todos deveríamos ser feministas!" bradou Pearl Jam, neste último 8 de março, "Dia Internacional da Mulher", mais associado a incêndio criminoso ocorrido em uma fábrica têxtil (a  "Cotton") em Nova York, em 1908, quando 129 mulheres trabalhadoras morreram carbonizadas, após protestos e paralisação por melhores salários e contra as condições insuportáveis de trabalho! Mas há outras versões para a celebração da data, sem dúvida de origem operária!...

É inacreditável, mas são tantas ainda as diferenças, que parece estarmos no começo da luta pela conquista de direitos; pela, enfim, igualdade entre os sexos! Lutarmos todas pelas mesmas conquistas sociais, econômicas, políticas e culturais que os homens deve ser tarefa nossa de cada dia, sem trégua, porque dela depende melhor, mais justo e feliz futuro de nossas filhas, netas, bisnetas!!

Como deixar de discutir o preconceito ainda existente e resistente contra as mulheres, as discriminações e os inaceitáveis, absurdos, vergonhosos assédios e violências morais, físicas e sexuais sofridos até hoje pelas mulheres, em casa, na rua, no trabalho, males inconcebíveis que atingem mulheres no mundo inteiro, desde os tempos mais remotos, encobertos tantas vezes pelo medo, receio?!

Segundo o IBGE, a cada ano mais de um milhão de mulheres são vítimas de violência doméstica, por parte de maridos, companheiros, namorados! Neste exato momento, quantas mulheres estão sendo vítimas de agressão verbal, física e psicológica? Quantas não têm o corpo e a alma marcados por sucessivos, recorrentes maus-tratos, parte do cotidiano de milhares de mulheres no Brasil?!

Graças às lutas femininas, é preciso, sim, celebrar as conquistas já alcançadas ao longo dos anos no Brasil e no mundo, mas como deixar de lutar pela igualdade de direitos, pelo respeito fundamental em todas as relações; pela maior participação política das mulheres, ainda quase inexpressiva nas esferas de poder, ampliando, assim, e fazendo reconhecido o verdadeiro papel da mulher na sociedade atual?!

As mulheres são maioria nas salas de aula, nas universidades, mas não nos altos escalões! Basta contar o n° de mulheres vereadoras, deputadas, senadoras, presidentas, com os homens ocupando a maioria dos cargos mais elevados, tenham ou não maior conhecimento, capacidade, preparo e competência! E para mesmos cargos, iguais funções, maiores são os salários deles! Mesmo trabalho? Menores salários para as mulheres! É muito atraso, associado à limitação mental.

A Lei Maria da Penha (n° 11.340) visa proteger a mulher da violência física e familiar, tão infamantes, que hoje já garante - quanto possível - a punição dos agressores com maior rigor e cria mecanismos para prevenir a violência e proteger a mulher agredida não só pelos parceiros, mas também por parentes, colegas, conhecidos e mesmo estranhos, violência esta que vai muito além da física!...

A Lei do Feminicídio (n° 13.104) altera o artigo 121 do Decreto-Lei n° 2.848 de 7 de dezembro de 1940 do Código Penal, prevendo-o como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o artigo 1° da Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990, incluindo-o entre os crimes hediondos, tão atrozes quanto indignos!... O marido agressor de Maria da Penha, que a tentou assassinar por duas vezes, deixando-a paraplégica, teve com ela três filhas! Que esposo e pai era este?! Marido ou monstro? É preciso educar os filhos com toda igualdade e respeito!...

As leis de proteção à mulher devem ter por companhia o olhar atento e vigilante da mulher, a insubmissão, a melhor compreensão do que merece o nome de amor e até onde vão os limites do perdão e aceitação, acompanhadas da prática, fiscalização, contando com a devida denúncia contra todo tipo de pressão e ameaça! Em Montes Claros, em Minas e no mundo, estejamos sempre unidas!...

"Mexeu com uma, mexeu com todas!" E, ao invés de desejar a todas as mulheres um "Feliz Mês da Mulher", desejo-lhes paz e respeito hoje e em todos os meses do ano!... Porque não há como não se indignar com os assédios morais, sexuais, gerais pelos quais passam inúmeras mulheres, de todas as idades, todos os dias!

Que mulheres e homens se unam nessa luta que beneficia toda a família, toda a população, pois o machismo, a maldade, a crueldade devem ser por todos combatidos! Se uma mulher é perseguida em seus legítimos espaços e direitos ou violentada de que forma seja, que o verdadeiro homem diga e repita, quantas vezes forem necessárias: "Agrediu uma mulher, agrediu-me também e estou na luta!" Ou "Mexeu com uma mulher, mexeu com todos os homens de fato!" Mexeu, na verdade, com todo ser digno de ser chamado de humano, porque nada há de mais desumano do que ser tão somente um vil, maléfico agressor de mulheres!...

Não a todos os tipos de abuso e agressão contra a mulher! Não à violência doméstica, tão comum, infelizmente, a fazer parte do dia a dia de milhares de mulheres humilhadas e feridas - quando não mortas - no país e no mundo!!!

* Fundadora e ex Presidente do 1° Conselho Municipal de Defesa dos Diretos da Mulher de Montes Claros.

| TRANSLATE THIS PAGE |