sábado, 8 de setembro de 2018

- Crônica -

Adeus a Egídio 
por Raquel Mendonça*


Na madrugada da última quinta-feira, 06 de agosto, Egídio Medeiros Marques, meu ex-marido e pai da minha filha, Ana Bárbara, dava adeus precocemente à vida terrestre, aos 63 anos, no CTI da Santa Casa de Montes Claros, onde se encontrava na fila de transplante de fígado, sob o atento olhar de seu grande primo-irmão, o competente médico Antônio Egídio (Dida), a quem agradecemos, imensamente, todo o cuidado a ele dispensado, até o fim. Obrigada, meu querido, e que Deus lhe pague por tudo!...

O seu falecimento nos entristeceu a todos, de modo especial aos seus filhos Ítalo, Ana Bárbara, Bruno, Emiliano e Adriano. Após receber a dolorosa notícia, seguimos para Brasília de Minas com um dos seus irmãos e a esposa, que nos ofereceram gentilmente a condução e companhia. Chegando lá, nos encontramos com muitos amigos e familiares de Egídio para a sua  emocionada despedida.

Egídio, que, após a separação e por longo tempo, passou a ser uma espécie de filho mais velho, há anos atrás, atravessou um momento delicado de saúde, e como a minha filha, desde a adolescência, tendo em vista a inabilidade total da mãe para tudo que envolva casa, comida e cia, viu-se obrigada a assumir o controle de tudo, preparava o alimento para o pai, que um vizinho a ele levava diariamente. Se venceu uma doença grave, pensava, por que não irá vencer mais esta batalha, embora bastante grave e delicada também?! Foi mais forte, porém.

Retornar a Brasília de Minas por si só já envolvia muitas lembranças, saudade e emoção, pois convivemos por bom tempo com a extremamente generosa, querida e saudosa Dona Eutália Gomes de Souza, da Farmácia Nossa Senhora das Mercês, onde, pudesse pagar ou não, o paciente saia com o medicamento em mão... A mãe de Egídio, Adelaide, já havia falecido. Era artista plástica, como também foi a filha Maione Marques, esposa de Jaime Fortes, tendo sido professora de Artes do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez. A minha filha, Ana Bárbara, herdou o talento da avó e tia paternas para as artes plásticas e artesanato. Do pai herdou o talento para a arte culinária, o bom gosto estético e artístico, o que ele pôde demonstrar quando grande, brilhante e competente Diretor do Centro Cultural Hermes de Paula, na gestão de Mário Ribeiro da Silveira, o inesquecível Marão.

Rever Ítalo, primeiro filho de Egídio, com a sua querida mãe Vânia e Dona Nicinha, foi um dos momentos mais especiais que nos aconteceram ali, assim como conhecer as suas lindas, inteligentes, carinhosas e jovens filhas Ariana e Ingrid. Ainda que bastante abalada, consegui registrar, antes da despedida final, todas as qualidades de Egídio, a sua excepcional inteligência, profundidade cultural, o que pôde fazer pela arte e cultura da cidade e região. Destaquei o seu lado criativo, o seu brilho pessoal indiscutível. Qualquer outra coisa, fato ou acontecimento foram devida e respeitosamente esquecidos. Ausente ou não, foi pai e teve tempo de pedir perdão e receber o carinho, a atenção e o cuidado da nossa filha Ana Bárbara, nos horários de visita na Santa Casa... Graças a Deus!

Dos seus cinco filhos, apenas Bruno não pôde se fazer presente. Emiliano e Adriano, os filhos mais novos, lá estavam com a mãe Ana Lúcia. A querida, gentil, amável e atual companheira Jura, lhe ensinara até mesmo o caminho da Igreja de Nossa Senhora Aparecida, na missa dominical, com quem já organizava e decorava um novo espaço de comida, o Le Chef, a que esperamos ela possa dar prosseguimento, com o apoio de todos.

Agradecemos o carinho, a afeição e atenção de muita gente querida ali presente, enquanto, no ar, pairava a figura inesquecível, indelével, inapagável - um Anjo Puro do Senhor lá nos céus olhando e zelando por todos nós - daquela que foi uma verdadeira santa de bondade em Brasília de Minas, Dona Eutália de Seu Egídio, pais de Tiá, Adelaide, Tia Eny (as filhas Thelma, com o esposo César Versiani, e Aléxia com o pai Eury) e daquele que se foi aos 27 anos, Zezé.

Ana Bárbara fez questão de revisitar a casa na Praça que foi de sua "Vovó Eutaia", que a chamava de "minha querida netinha Barbinha" - onde se emocionou bastante. Já eu não tive tanta coragem - lembrando os bons tempos de visita a ela e família ali: "ô minha filha, traz a minha Barbinha aqui, estou com saudades dela..." Temos nós, Dona Eutália, saudades eternas da senhora, de seu coração e mão sempre abertos aos necessitados, exemplo maior de ser humano que pude conhecer na vida!...

Sei que Egídio se foi cedo ainda, mas tenho certeza de que seus entes queridos no céu, especialmente Dona Eutália e seus pais Adelaide e Guillardo, já se encontravam a postos, na porta, a recebê-lo, acolhê-lo e abraçá-lo e, de lá, abertos à luz, sejam motivo de força, fé, consolo e conforto para todos que aqui ficamos, rogando pela saúde, paz e harmonia de familiares e amigos que nos transmitiram sinceros sentimentos, expressos em palavras e ações, de amor, amizade, solidariedade e daqueles que souberam vencer realmente mágoas, diferenças, conflitos, aparar arestas, para que ele, Egídio, possa se refazer e reconstruir a vida lá no alto!...

E para sempre viva Egídio!

Vá em paz, meu querido!...


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