por Raquel Mendonça*
Na madrugada da última
quinta-feira, 06 de agosto, Egídio Medeiros Marques, meu ex-marido e pai da minha filha, Ana
Bárbara, dava adeus precocemente à vida terrestre, aos 63 anos, no CTI da Santa
Casa de Montes Claros, onde se encontrava na fila de transplante de fígado, sob
o atento olhar de seu grande primo-irmão, o competente médico Antônio
Egídio (Dida), a quem agradecemos, imensamente, todo o cuidado a ele
dispensado, até o fim. Obrigada, meu querido, e que Deus lhe pague por tudo!...
O seu falecimento nos
entristeceu a todos, de modo especial aos seus filhos Ítalo, Ana Bárbara, Bruno, Emiliano e Adriano. Após receber a dolorosa notícia,
seguimos para Brasília de Minas com um dos seus irmãos e a esposa, que nos ofereceram gentilmente a condução e companhia. Chegando lá, nos
encontramos com muitos amigos e familiares de Egídio para a sua emocionada despedida.
Egídio, que, após a separação e
por longo tempo, passou a ser uma espécie de filho mais velho, há anos atrás,
atravessou um momento delicado de saúde, e como a minha filha, desde a
adolescência, tendo em vista a inabilidade total da mãe para tudo que envolva
casa, comida e cia, viu-se obrigada a assumir o controle de tudo, preparava o
alimento para o pai, que um vizinho a ele levava diariamente. Se venceu uma doença grave,
pensava, por que não irá vencer mais esta batalha, embora bastante grave e
delicada também?! Foi mais forte, porém.
Retornar a Brasília de Minas por
si só já envolvia muitas lembranças, saudade e emoção, pois convivemos por bom tempo com a
extremamente generosa, querida e saudosa Dona Eutália Gomes de Souza, da
Farmácia Nossa Senhora das Mercês, onde, pudesse pagar ou não, o paciente saia
com o medicamento em mão... A mãe de Egídio, Adelaide, já havia falecido. Era artista
plástica, como também foi a filha Maione Marques, esposa de Jaime Fortes, tendo
sido professora de Artes do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez.
A minha filha, Ana Bárbara, herdou o talento da avó e tia paternas para as
artes plásticas e artesanato. Do pai herdou o talento para a arte culinária, o
bom gosto estético e artístico, o que ele pôde demonstrar quando grande,
brilhante e competente Diretor do Centro Cultural Hermes de Paula, na gestão de
Mário Ribeiro da Silveira, o inesquecível Marão.
Rever Ítalo, primeiro filho de
Egídio, com a sua querida mãe Vânia e Dona Nicinha, foi um dos momentos mais
especiais que nos aconteceram ali, assim como conhecer as suas lindas,
inteligentes, carinhosas e jovens filhas Ariana e Ingrid. Ainda que bastante abalada,
consegui registrar, antes da despedida final, todas as qualidades de Egídio, a
sua excepcional inteligência, profundidade cultural, o que pôde fazer pela arte e cultura
da cidade e região. Destaquei o seu lado criativo, o seu brilho pessoal indiscutível.
Qualquer outra coisa, fato ou acontecimento foram devida e respeitosamente
esquecidos. Ausente ou não, foi pai e teve tempo de pedir perdão e receber o
carinho, a atenção e o cuidado da nossa filha Ana Bárbara, nos horários de visita na Santa
Casa... Graças a Deus!
Dos seus cinco filhos, apenas
Bruno não pôde se fazer presente. Emiliano e Adriano, os filhos mais novos, lá
estavam com a mãe Ana Lúcia. A querida, gentil, amável e atual companheira Jura, lhe ensinara até mesmo o caminho da Igreja de Nossa Senhora Aparecida, na
missa dominical, com quem já organizava e decorava um novo espaço de comida,
o Le Chef, a que esperamos ela possa dar prosseguimento, com o apoio de todos.
Agradecemos o carinho, a afeição
e atenção de muita gente querida ali presente, enquanto, no ar, pairava a
figura inesquecível, indelével, inapagável - um Anjo Puro do Senhor lá nos céus
olhando e zelando por todos nós - daquela que foi uma verdadeira santa de
bondade em Brasília de Minas, Dona Eutália de Seu Egídio, pais de Tiá,
Adelaide, Tia Eny (as filhas Thelma, com o esposo César Versiani, e Aléxia com o
pai Eury) e daquele que se foi aos 27 anos, Zezé.
Ana Bárbara fez questão de
revisitar a casa na Praça que foi de sua "Vovó Eutaia", que a chamava
de "minha querida netinha Barbinha" - onde se emocionou bastante. Já
eu não tive tanta coragem - lembrando os bons tempos de visita a ela e família
ali: "ô minha filha, traz a minha Barbinha aqui, estou com saudades
dela..." Temos nós, Dona Eutália, saudades eternas da senhora, de seu
coração e mão sempre abertos aos necessitados, exemplo maior de ser humano que
pude conhecer na vida!...
Sei que Egídio se foi cedo ainda,
mas tenho certeza de que seus entes queridos no céu, especialmente Dona Eutália
e seus pais Adelaide e Guillardo, já se encontravam a postos, na porta, a
recebê-lo, acolhê-lo e abraçá-lo e, de lá, abertos à luz, sejam motivo de
força, fé, consolo e conforto para todos que aqui ficamos, rogando pela saúde,
paz e harmonia de familiares e amigos que nos transmitiram sinceros
sentimentos, expressos em palavras e ações, de amor, amizade, solidariedade e
daqueles que souberam vencer realmente mágoas, diferenças, conflitos, aparar
arestas, para que ele, Egídio, possa se refazer e reconstruir a vida lá no
alto!...
E para sempre viva Egídio!
Vá em paz, meu querido!...