sábado, 15 de setembro de 2018

- Crônica -

Horizontes da fé
por Wagner Gomes

Na obra de Alberto Sena, “Nos Pirineus da Alma”, identificamos três, e não dois, personagens que vão para Santiago de Compostela por meio de trilhas que passam pela grande cordilheira montanhosa, cujo nome aparece no título do livro. Essa cordilheira, Pirineus, une o oceano Atlântico ao Mar Mediterrâneo, formando uma fronteira natural entre a França e a Espanha, países que instigam a narrativa mística. Os três personagens que dão vida ao livro estão concentrados no casal Albertinho e Sílvia, ali identificados como Bento e Tudinha, e um cajado que, ao acompanhar o seu dono, adquire personalidade própria. Assim como Paulo Coelho teve em O Diário de Um Mago sua primeira incursão literária, relatando as descobertas feitas no Caminho de Santiago, o livro "Nos Pirineus da Alma" pode mudar a vida de nossos dois peregrinos. Ao percorrer aquele caminho, não uma, mas duas vezes, eles demonstram extrema resiliência para superar os obstáculos. E, naquele percurso, a narrativa se enriqueceu com metáforas e situações oníricas. Ao atingirem o seu propósito, também, abrilhantaram todo o roteiro, com elementos históricos que se integram ao todo, com naturalidade. A própria fotografia acoplada ao livro deu vida ao ambiente transformando, em algo real, aquilo que antes fora imaginado na mente do leitor. Também encontrou espaço para acolher e abrigar personagens em busca do autoconhecimento, que foram surgindo naquele caminho, como se estivesse, através deles, edificando uma mensagem de fraternidade. Entrelaçando as duas viagens objeto da narrativa, Bento traça significativo elo com o seu cajado, que passa a desempenhar diversos papéis que, embora imaginários, compõem um ambiente real. Ora ele assume o papel de apoio, ora de defesa, ora de confidente, ora apenas o papel espiritual. Os personagens testaram, ao longo dos 1.300 quilômetros percorridos nas duas viagens, os seus limites físicos. Tal desgaste foi atenuado pelas paisagens fascinantes e pelas tradições da montanha e agravado pelos perigos encontrados. De quebra foi recheado pela riqueza da culinária e pela diversidade dos personagens que cruzaram suas vidas. Assim, ao final da jornada, estava consolidado um atalho para a reflexão sobre os valores que, realmente, mereciam estar presentes em suas vidas. Essa conjunção de elementos contribuiu para o nascimento do primeiro rebento literário de Alberto Sena. Ao final da leitura, não resisto em desejar que, ao seguir o caminho de Paulo Coelho, o autor transforme seu primeiro livro no início de uma carreira promissora de escritor.


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