por Maria Luiza Silveira Teles*
“Meus olhos cegos de poeira e dor,
Tudo é previsto pelos livros santos,
Que só não falam que o sonho acabou".
Que só não falam que o sonho acabou".
A benção, Mestre! Mestre no conhecimento, na inteligência, na lhaneza, na generosidade, na arte, na poesia. Mestre de todos os montes-clarenses.
Nós te reverenciamos por tudo que representaste
em nossa vida e na vida cultural de Montes Claros, cidade que tanto amaste.
Não
há como expressar a nossa dor e a saudade! Tua cidade amanheceu triste e
nublada, mas, com certeza, por trás das nuvens, paira a luz que de ti emana.
Porque a verdade é que não foi agora que te tornaste estrela, sempre o foste.
Bem
mais velha, pude acompanhar toda tua jornada. Eras ainda criança, quando
comecei a escrever no recém-fundado “Diário de Montes Claros”. Logo, porém, já
lia tuas belas crônicas no outro jornal, onde, mais tarde, seríamos colegas.
Nossas
famílias sempre foram amigas. Teu pai foi colega do meu na Academia Militar e,
ao chegarmos a Montes Claros, uma das nossas primeiras obrigações foi visitar
tua casa, onde não pude distinguir-te no meio da grande meninada. Afinal de
contas, eu tinha dezesseis anos e tu não mais do que uns oito.
Mas,
logo, logo, começaste a brilhar nas artes, na poesia, no jornalismo. Como não
conhecer e respeitar o filho do Comandante, que já se destacava extraordinariamente
na Cultura?
Graças
a Deus, a minha admiração não ficou apenas de longe. Tive a graça de
conhecer-te de perto e tornar-me tua amiga. Sei bem que a admiração era mútua,
E, muitas afinidades nos aproximavam.
Sei o
quanto gostavas da solidão e de tua toca. No entanto, tu te obrigaste a sair
dela quando foi para colocar-me na Presidência da Academia Montes-clarense de
Letras, gesto que jamais vou esquecer.
Pelo
Facebook, nos falávamos todos os dias. Sem tua verve, porém, o face e toda a
cidade se tornaram de uma pobreza enorme. E teu fino humor?
Ah,
Júnior, como vamos viver sem tua presença? Bem sei que tudo que fizeste é uma
herança eterna. Entretanto, onde fica teu humor matinal? Talvez aí, no plano em
que te encontras, provavelmente junto a muitos de teus colegas e entes queridos...
Mas, e nós?
Ah,
preciso contar-te o que talvez não viste: teu velório, apesar da dor, foi uma
linda festa. Com lágrimas nos olhos, todos cantávamos as belíssimas músicas que
fizeste junto com teu irmão, Tino Gomes, o aniversariante do dia.
Muitos
se perguntavam: “Como Júnior fez isso? Partir no dia do aniversário de seu
grande amigo e parceiro?” Mas, eu compreendo. A tua partida foi talvez o maior
presente que poderias dar a ele. Ela dizia: “Meu irmão, a morte não existe. Não
vês como continuo tão vivo dentro de ti? Vim na frente para esperar-te quando
estiveres pronto para continuar a Jornada.”
Não
há como as gerações futuras te esquecerem. Todas as vezes que alguém cantar o
hino não-oficial de Montes Claros, haverão de se lembrar de ti.
Hoje
comemoramos o dia do Professor, esse artífice de almas. Parabéns, Mestre! Tu
não foste apenas professor de teus alunos da UFMG. Foste professor de toda uma
cidade. Somente um imenso amor pode ser a recompensa por tanto. E, estou certa,
tens o amor de toda a nossa querida comunidade, essa cidade que não foi nosso
berço, mas que tão bem nos acolheu.
Obrigada,
meu amigo, obrigada por tudo! Perdoa-me se minhas palavras não estão à altura
de ti. É que foste um monstro sagrado e eu sou apenas uma pobre escrevinhadora.