quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

- Poema -


- POEMA SOBRE BRUMADINHO -

por Padre Wagner Eduardo Dias*

Os olhos já não mais se abrem: a lama fechou.

A voz já não mais se ouve: a lama calou.

Os ouvidos já não mais escutam: a lama os entupiu.

As mãos já não mais se movem: a lama encobriu.

A cabeça já não mais se ergue: a lama afogou.

A alegria já não se faz presente: a lama levou.

E até a esperança parece estar ausente: a lama naufragou.

Onde está o cavalo correndo? A lama matou. Onde está o cachorro latindo? A lama calou. Onde está a mãe embalando a criança? A lama derrubou. Os funcionários lutando pelo pão de cada dia? A lama encobriu. Os amigos conversando sobre a vida? A lama silenciou.

Onde estava a vida, a morte chegou. Onde havia casas, a destruição soterrou. O que era campo num vale de mortos se tornou. O que era rio, num mar de lama se transformou.

Aos corações sujos de lama, o minério vale mais que a vida; o ferro vale mais que o sangue; a prata vale mais que a honra; o ouro vale mais que a alma...

*** A Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Montes Claros - Minas Gerais, manifesta o seu pesar pela tragédia acontecida na cidade de Brumadinho, e a todos aqueles que perderam casas, animais e, principalmente, familiares e amigos nesta catástrofe; oferece as suas orações para que encontrem em Deus a força e a fé para recomeçar.

* Da Arquidiocese de Montes Claros
JN/Edição de 31 de janeiro de 2019.

| TRANSLATE THIS PAGE |