- POEMA SOBRE BRUMADINHO -
por Padre Wagner Eduardo Dias*
Os olhos já não mais se abrem: a lama fechou.
A voz já não mais se ouve: a lama calou.
Os ouvidos já não mais escutam: a lama os entupiu.
As mãos já não mais se movem: a lama encobriu.
A cabeça já não mais se ergue: a lama afogou.
A alegria já não se faz presente: a lama levou.
E até a esperança parece estar ausente: a lama naufragou.
Onde está o cavalo correndo? A lama matou. Onde está o
cachorro latindo? A lama calou. Onde está a mãe embalando a criança? A lama
derrubou. Os funcionários lutando pelo pão de cada dia? A lama encobriu. Os
amigos conversando sobre a vida? A lama silenciou.
Onde estava a vida, a morte chegou. Onde havia casas, a
destruição soterrou. O que era campo num vale de mortos se tornou. O que era
rio, num mar de lama se transformou.
Aos corações sujos de lama, o minério vale mais que a vida;
o ferro vale mais que o sangue; a prata vale mais que a honra; o ouro vale mais
que a alma...
*** A Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, na
cidade de Montes Claros - Minas Gerais, manifesta o seu pesar pela tragédia
acontecida na cidade de Brumadinho, e a todos aqueles que perderam casas,
animais e, principalmente, familiares e amigos nesta catástrofe; oferece as
suas orações para que encontrem em Deus a força e a fé para recomeçar.
* Da Arquidiocese de Montes Claros
JN/Edição de 31 de janeiro de 2019.