quinta-feira, 29 de agosto de 2019

- HOMENAGEM -

 JUSTA E MERECIDA HOMENAGEM A LIDINALVA      INSTITUTO SOCIAL CORRENTE DO AMOR 

Lidinalva Fernandes Araújo com o título Grande Líder,
 na festa de premiação Gente é para Brilhar

Lidinalva Fernandes Araújo, recebeu, justa e merecidamente, na noite da última sexa-feira, no Salão Nobre de Festas do tradicional Automóvel Clube de Montes Claros - de grande importância histórica e social, razão pela qual o AC se encontra em processo de tombamento no Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Montes Claros/COMPAC - o prêmio "Gente é para Brilhar", numa promoção do colunista social João Jorge Soares, o JJ, na categoria "Grande Líder/Projeto", pela Instituição Social Corrente do amor.


  Lidinalva, ao lado dos filhos Jonathan, Gabriel e Cristiano, 
na premiação 

Lidinalva criou e preside, há 11 anos, o Instituto, após um amigo, então com câncer, necessitar de ajuda e ela começar a arrecadar alimentos, junto a uma amiga, pois a alimentação dele era especial, devido ao tratamento contra o câncer. Começaram então, a arrecadar e ajudar outras famílias também.

Jussara Boa Sorte e Fernando Martuchelli, advogados, foram à casa de Lidinalva fazer-lhe uma visita, de modo especial porque o filho dela tinha utilizado o dinheiro de aniversário para fazer uma festa para crianças carentes, quando Fernando e Jussara começaram a ajudar também, participando da fundação do Instituto Social Corrente do Amor, que Lidinalva  foi ampliando e aprimorando com o tempo, cadastrando famílias carentes para receberem doações, acompanhando e apoiando, atualmente, mais de 300 pessoas!...

A instituição oferece cursos de violão, inglês, culinária, oficina de leitura; entrega verduras toda quinta; há palestras familiares todas as terças para as famílias cadastradas, e todo trabalho desenvolvido e oferecido é voluntário!...

Quem quiser ajudar com doações de roupas, calçados, alimentos, livros, brinquedos, etc, ou voluntariado, é só procurá-la.

A sede do Instituto fica situada na Rua Juscelino kubitschek, nº 224, Bairro Morrinhos, Montes Claros - MG -  Tel. de contato: (38) 3221-0275 




Parabéns Lidinalva! 
E que a sua caminhada de amor se torne exemplo a todos nós!


"DIVIDA O SEU PÃO, O SEU TEMPO, O SEU AMOR AO OUTRO QUE PRECISA DE VOCÊ!
E NÃO SE ESQUEÇA, DEUS TUDO OUVE, TUDO VÊ E LHE DARÁ EM DOBRO O QUE DER! E QUE A SAÚDE, PAZ, AMOR PELA VIDA, PELO PRÓXIMO E FELICIDADE SEJAM AS MAIORES E VERDADEIRAS RIQUEZAS DE TODOS AQUELES QUE SE UNIREM À CORRENTE PELO BEM, NUMA GRANDE E IMPORTANTE AÇÃO SOCIAL CONSTANTE!.."

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

- Artigo -

Por Raquel Mendonça*


AS FESTAS DE AGOSTO E O FESTIVAL FOLCLÓRICO DE MONTES CLAROS: 
O PRESENTE COM BOAS LEMBRANÇAS DO PASSADO 


Obra do querido e talentoso artista Petter Frank

                                   "Deus te salve, Casa Santa
                                    Onde Deus fez a morada
                                    Onde mora o Cálix Bento
                                    E a Hóstia Consagrada."
  
Lembrando o grande e saudoso historiador e folclorista, Hermes Augusto Mendonça de Paula, em seu livro "Montes Claros, sua História, sua Gente e seus Costumes, considerada "a Bíblia Cultura de Montes Claros", com pequena atualização e informações complementares: "Há 180 anos que, nos dias 14, 15, 16, 17 e 18 de agosto - de quarta-feira a domingo - se realizam em Montes Claros festas religiosas (parte expressiva do catolicismo popular do município), em honra ou homenagem a Nossa Senhora do Rosário, santa protetora dos negros; ao santo negro, São Benedito e ao Divino Espírito Santo, acima de todos os santos, respectivamente. Além das práticas puramente religiosas, tais como missas, bênçãos e levantamento de mastros, realizam-se as festas e os lautos almoços - além das Visitas, também às Famílias Mordomas -, dos Reinados de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito e do Império do Divino Espírito Santo. Os Catopês ou Dançantes ("mesmo zumbi ou congado/congada de outros lugares, com belas e ricas características regionais"), Marujos ou Marujada e Caboclinhos ou Caboclada. Havia, no passado, as Cavalhadas e o Bumba meu boi, atos que não acontecem há muitos anos." Com muito brilho e beleza, os Catopês, Marujos e Caboclinhos realizam o que há de melhor e maior entre os eventos culturais tradicionais, com destaque ainda para as Folias de Reis e Pastorinhas, pois Montes Claros é considerada verdadeiro Celeiro de Folias pela Comissão Mineira de Folclore - CMF, com muitos Catopês e Marujos sendo também Foliões de Reis. Pena que a importante Associação dos Ternos de Folias de Reis e Pastorinhas de Montes Claros, por nós criada junto aos ternos, esteja quase que desativada, o que é lamentável. Tio Pedro Mendonça, grande apoiador das Folias no Bairro de Santos Reis, lá de cima dos céus, deve estar, no mínimo, muito triste e atento!

Continua Hermes de Paula, o maior defensor das Festas de Agosto em toda a sua longa história, que abria a sua casa, a famosa "Chacrinha", situada na Av. Cel. Prates, nº 106, para os parentes e amigos Festeiros, entre eles nós, pois nossa filha, Ana Bárbara Mendonça, foi Imperatriz do Divino aos seis anos de idade, Rainha de São Benedito aos nove anos e Rainha de Nossa Senhora do Rosário, aos 11 anos, em um período em que havia poucas famílias dispostas a fazer a festa, por devoção ou pagamento de promessa: "A mais antiga notícia sobre o assunto é datada de 23 de maio de 1839, quando Marcelino Alves pediu licença para tirar esmolas para as festas de Nossa Senhora do Rosário e do Divino Espírito Santo, que pretendia fazer nesta freguesia." Depois se associou também às festas a devoção a São Benedito e, atualmente, são seis os grupos de Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros, os donos legítimos das Festas de Agosto, coordenada pelo Mestre Zanza (João Pimenta dos Santos, ou seja, o autêntico Coordenador das Festas de Agosto), do alto de seus 87 anos de idade e sabedoria: 1º Grupo de Catopês de Nossa Senhora do Rosário (chefiado pelo Mestre Zanza, com a participação de filhos e netos no grupo, o que é natural em todos, pois a arte e o ofício de catopê passam de pai para filho, tendo ao seu lado, na condução do Grupo, o seu filho, Mestre Zanza Júnior, assim batizado pelo pai, para acompanhá-lo, formado em Filosofia da Religião pela PUC/RJ, cursando o 8º período de Psicologia nas FASI, depois de interromper, no 5º período, o curso de Engenharia Civil na Funorte e do pai recebendo muito de toda a sua sabedoria e rica experiência à frente das Festas e do Grupo. Júnior participou, recentemente e com brilho, na Unimontes, de Mesa Redonda organizada e realizada por Raiana Maciel, junto ao Mestre Zé Hermínio e à Cacicona Socorro. Sobre o Mestre Zanza Júnior, vale lembrar também que ele chegou ao 4º ano, no Seminário Batista/Instituto Batista Norte-Mineiro); 2º Grupo de Catopês de Nossa Senhora do Rosário (chefiado pelo Mestre Yuri Faria, neto do grande e saudoso Mestre João Faria - João Batista Faria, com a também triste e recente partida de seu irmão Catopê, o querido Tonão); Grupo de Catopês de São Benedito (chefiado pelo Mestre Wanderley, filho do grande e saudoso Mestre Zé Expedito - José Expedito Cardoso do Nascimento); 1ª Marujada de Montes Claros, chefiada pelo Mestre Tim (Iderielton), filho do grande e saudoso Mestre Nenzinho - José Calixto da Cruz; 2ª Marujada de Montes Claros, chefiada pelo Mestre Zé Hermínio e Grupo de Caboclinhos ou Caboclada de Montes Claros, chefiado pela Cacicona Socorro, filha do grande e saudoso Mestre Joaquim Poló... Grandes os nomes das Festas de Agosto, do passado e do presente, a encherem as ruas de Montes Claros de extraordinária beleza e riqueza culturais, da Praça Dr. João Alves (Automóvel Clube de Montes Claros), passando, em seu trajeto ou percurso tradicional, pela Rua Dr. Santos, Praça Dr. Carlos, Rua Governador Valadares, ao lado do tradicional Café Galo - ponto de encontro de jornalistas, historiadores, escritores... -, até a Capela do Rosário/Igrejinha do Rosário ou Igrejinha dos Catopês, com a capela original tendo sido por eles - catopês, marujos e caboclinhos - construída, incluído o Mestre Zanza, que começou nas Festas que há décadas coordena, com muita força e fé, com apenas um ano, como "Catopê de Colo", nos braços do pai Pacífico Pimenta dos Santos!...

*** Lembrar que, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, continuam em processo de Registro como Bem Cultural Imaterial do Brasil todos os grupos de congado ou congadeiros do país, processo este iniciado por Corina Moreira na cidade, com nossa participação, de Joba Costa e do Museu Regional do Norte de Minas - MRNM, dirigido com extrema competência pela muito querida Marina Queiroz, que está criando, com grandes nomes da cidade, a Associação dos Amigos do Museu Regional...

Durante todo o ano, os Mestres e suas famílias, residentes nas mais diversas comunidades, fazem ou reformam suas fardas ou uniformes; os belos capacetes, "símbolo das Festas de Agosto de Montes Claros", enfeitados com espelhos, aljôfar, fitas de várias cores, penas de pavão - no passado eram de emas -, os penachos...; consertam ou fazem novos instrumentos musicais, como pandeiro, viola, violão, rebeca ou rabeca, o violino rústico; tamborim ou caixa, chama, chocalho... Basta visitar a sede da Associação dos Grupos de Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros, na Rua Humaitá, nº 126, com Rua Santa Efigênia, no Bairro Morrinhos, presidida pelo Mestre Zanza, para se deparar com um verdadeiro "Museu do Catopê", com inúmeros e ricos registros fotográficos de festas do passado e do presente, uniformes ou vestimentas, capacetes e peças e mais peças doadas por muitos festeiros, representativas da história das belas e magistrais Festas de Agosto, feitas pelos Catopês, Marujos e Caboclinhos para todo o povo - o povão, como sempre diz o Mestre Zanza - de Montes Claros, com apoio da Secretaria de Cultura/Prefeitura de Montes Claros e da ONG Amigos dos Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros, criada e presidida pela Catopéia Raquel Chaves (lembrando que o primeiro Mestre de Catopê a permitir mulheres em em grupo, batizando-as de catopéias, foi o grande e saudoso Mestre Zé Expedito) , que contribui ainda com feiras e medicamentos necessários aos mais diversos membros das Festas, angariando recursos a eles doados, através de promoções organizadas pela ONG o ano inteiro, tempo que dura a preparação das Festas pelos seis grupos, embora os Catopês, Marujos e Caboclinhos devessem ser, na verdade, apoiados financeiramente por mais nomes, empresas, instituições e entidades da comunidade montes-clarense, porque são muitos os seus gastos e os custos das Festas de Agosto, com a aquisição de todo o material necessário e confecção de roupas, acessórios e instrumentos às centenas de seus componentes, vestidos, ornados e calçados dos pés à cabeça, são muito, mas muito altos e elevados!... A Prefeitura disponibilizou R$ 9.000,00 para cada Grupo - valor maior até agora por eles recebido em todos esses anos -, abatidos, naturalmente, e legalmente - imposto e nota, passando a R$ 7.080,00, com os primeiros R$ 2.360,00 caindo na conta dos Mestres há três semanas e mais uma parcela na última terça-feira, faltando apenas o pagamento da última. É hora de a cidade inteira acordar e ajudar também aqueles que fazem a maior e mais importante manifestação cultural popular e tradicional de Montes Claros, com 180 anos de existência e resistência, porque não foram e não são poucas as dificuldades pelas quais passam, a maioria trabalhando o ano inteiro somente em função das Festas! As Festas de Agosto pertencem à população montes-clarense!...

                            "Ah! são chegados os doze pares
                             Lá da parte do oriente
                             Vem dando graças ao Divino
                             Um senhor tão soberano."

"Lá no céu tem um castelo
Lá no céu tem um castelo, ah!...
Quem formou foi o Rei da Glória
Quem formou foi o Rei da Glória, ah!!...
Filho da Virgem Maria."

                             "Vamos a ver a barca nova
                              Ai! Que do céu caiu no mar
                              Nossa Senhora vai dentro
                              E os anjinhos a remar."

"A Marujada ou "Chegança", "Chegança dos Mouros", "Chegança dos Marujos", "Barca", "Fandango", a teatralização da epopéia da Nau Catarineta, exaltando os feitos dos marinheiros portugueses e os princípios cristãos da religião católica, com seus patrões, contramestres, pilotos, calafatinhos e guardas, seus pandeiros e violas... A roupagem tradicional do passado não se assemelhava em nada com marinheiros de verdade - calças compridas com babados de renda, uma blusa enfeitada de aljôfar e rendas, chapéu branco com fita da mesma cor da roupa e aba "quebrada" na testa. Metade dos marujos se vestia de cetim vermelho e a outra metade de azul. Atualmente, os dois grupos de marujos se vestem de forma distinta, definida pelos Mestres. Lembrar ainda as espadas, o cetro, as máscaras de arame, com olhos, sobrancelhas e bigodes pintados, além da famosa barca dos marujos... Tudo que foi modificado pelos grupos é legítimo, o que não pode acontecer são interferências de pessoas que se imaginam donas das festas do povo... "Inter-ferir" não e nunca, para não comprometer a tradição, não descaracterizar, empobrecer e, com o tempo e tanta intromissão, causar até mesmo o desaparecimento das Festas, o que Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e o Divino jamais permitirão!...

"Sou caboco, caboquinho
E não brinco com ninguém
Quando eu pego na minha flecha
Flecho-flecho muito bem (...)"

                                       "Sou cacique, caciquinho
                                       Senhor lá da mataria
                                       Entre arcos e entre flechas
                                       Tenho muita fidalguia."

Os Caboclinhos ou Indiozinhos são "uma folgança de reminiscência indígena". Com o tempo e as decisões daqueles que têm poder sobre os grupos, vão acontecendo mudanças, alterações. "O Grupo se constituía de dez a quinze pares de crianças de 7 a 10 anos, vestidas de saiotes vermelhos, enfeitados de plumas, com o busto nu, pintado de urucu e outras tintas, conduzindo arcos e flechas, a cabeça guarnecida por capacete e penas... O Caciquinho, a Cacicona, o Cacicão, o Papai-Vovô, a Mamãe-Vovó, o Pantalão, o Capitão Campó... Algumas figuras infantis e adultas permanecem na memória, mas as que perduram são também acompanhadas por porta-bandeiras e músicos... Dudu, filho de Joaquim Poló, com o jeito perfeito do pai em tudo, também arrasa na Caboclada, executando e dançando a música típica dos caboclos...


*** FOLCLORE: FOLK-LORE, SABER DO POVO, COSTUMES, CONJUNTO DAS TRADIÇÕES DE UM POVO, CONHECIMENTOS OU CRENÇAS, MANIFESTAÇÕES POPULARES, OU SEJA, "CULTURA POPULAR"...

*** FOLCLÓRICO: RELATIVO OU PERTENCENTE AO FOLCLORE...


"A RETIRADA

A RETIRADA

EH MEUS CAMARADA

EH MEUS CAMARADA..."


ADEUS, ATÉ PARA O ANO...

domingo, 11 de agosto de 2019

- HOMENAGEM A UBALDINO PEREIRA VELOSO -

CARTA AO MEU PAI -
 Da sua filha Viviane*

Sabe, papai, hoje estive lendo mensagens em nosso grupo de WhatSapp, onde somente os irmãos participam, e as nossas conversas eram assim: - Quem vai dar almoço ao papai hoje? - Já dei o remédio a papai, viu? - É mesmo, ele está muito agitado hoje? - Liga para a médica dele e marca mais uma consulta! - Gente, olhe pela câmera, papai está acordando, já pode vir buscá-lo para passear... - De quem é o dia hoje para ficar com papai? - Estou levando o papai para o futebol... - Vou levar papai para tomar café na padaria, como ele gosta!!!

São muitas e muitas as mensagens, uma atrás da outra, pela manhã, à tarde, à noite, na madrugada... O senhor tinha o cuidado, a atenção e o zelo de todos!...

Esses eram apenas alguns dos cuidados que tínhamos com o senhor! Fazíamos tudo com tanto amor e carinho, que nem sei ao certo descrever! Esses cuidados com o senhor, papai, sempre fizemos todos juntos. Todos os irmãos unidos, como o senhor sempre nos ensinou e que todos aprendemos.

Sequer poderíamos imaginar que o senhor pudesse partir assim! Algumas dores são difíceis de suportar, principalmente aquelas que são causadas pela morte trágica de alguém que amamos demais. Nosso consolo para aceitar tamanha crueldade é pensar que Deus só deixou esse fato macabro acontecer na sua vida, porque, por melhor ser humano que tenha sido, o senhor precisava se purificar completamente aqui na terra, para conseguir se encontrar com mamãe no paraíso. Estamos tentando entender e nos conformar, papai, porque aprendemos a ser fortes como o senhor sempre o foi, em todo o tempo!...

O senhor sempre foi um homem muito admirado pela família, pelos amigos, pela comunidade! E o importante agora é ressaltar todas as suas grandes qualidades, todas as coisas boas e positivas que plantou aqui na terra e que nos ofereceu, em todos os nossos momentos juntos; lembrar de todos os dias e noites inesquecíveis, junto ao senhor, e rir das coisas engraçadas que fazia!...

Em uma breve retrospectiva, impossível não falar de sua carreira como jogador de futebol, tanto no Democrata de Sete Lagoas, como no Ateneu de Montes Claros! E como dizem seus amigos que viram o senhor jogar: "foi melhor que os Tra-lalá..." E foi exatamente no futebol que teve mudada a sua vida e as nossas vidas, quando, um dia, saindo do treino do Democrata, passando na porta da casa de Vovó Margarida, você conheceu o grande amor de sua vida, Marlene, nossa Mamãe, bondade pura também!... Era um grande e sincero amor, verdadeiro, único e para sempre, que rendeu bons frutos: oito filhos - sete homens e uma mulher -, vinte netos e cinco bisnetos... E é só o começo de tudo, porque, com a força insuperável de Deus, seguiremos sempre em frente!!

Nossa grande "Família Tralalá" tem um orgulho imenso do senhor, com a sua história maravilhosa de vida, a sua força, os seus ensinamentos, os seus exemplos! Nós nos espelhamos em você e criamos, desenvolvemos o mesmo amor pelo esporte, assim como você! Todos apaixonados pelo futebol e eu pelo vôlei! A sua alegria ao assistir às partidas e torcer pelos filhos, quando estavam em campo jogando, era admirada por todos! Para ver os filhos homens, ia todo sábado ao futebol dos Tralalá e, para me ver jogando, ia no domingo ao Max-Min. Você era o juiz oficial, que marcava os pontos das partidas só para me ver ganhar! E o mais engraçado de tudo era quando minhas amigas o atentavam, falando que eu era ruim de bola! Aí a briga "feia" estava armada! Você me defendia de todas as formas, falando, apaixonadamente, que eu era a melhor do time! E ai daquela que não concordasse com você, com a sua opinião...

Não consigo, meu pai, me esquecer das nossas viagens todo final de ano para a praia, quando éramos crianças, levando consigo mamãe, os oito filhos e um vizinho da Rua Irmã Beata, todos dentro de uma Belina! Neste momento, só quero lhe agradecer, em nome de toda a nossa família, pelos exemplos de bondade, dignidade, correção, integridade, força e fé nos momentos difíceis e pelas inúmeras, incontáveis boas lembranças deixadas em nossos corações!... Agradecer-lhe ainda e de modo especial por todo esforço, luta e trabalho honrado para criar uma família tão grande e unida como a nossa, meu grande pai! Qualquer agradecimento seria agora pequeno perto do seu merecimento!...

E você, que sempre prezou por uma família unida, gostava de ter todos por perto. Quando chegávamos para uma prosa, tinha que ser rápida, mas entendíamos e aceitávamos que gostava de ser uma pessoa discreta, reservada! E você se lembra quanto curtíamos o nosso sítio? Ali passávamos todos os finais de semana, com toda a família reunida, incluídos tios e primos, e tudo era sinônimo de muita alegria e muito leite "ao pé da vaca, para criar filhos e netos fortes". O seu grande e bom legado, papai, não tem e jamais terá fim!...

Reconhecemos que você tinha um espírito conservador e um gênio muito forte, mas, acima de tudo, era um homem muito caridoso e humano, o que tornou a sua história tão rica e memorável, vivo no coração de todos os seus entes queridos e amigos! Nos últimos dias de sua vida, aconteceram alguns fatos muito engraçados que nós, seus filhos, nunca esqueceremos! Você com um pedacinho de papel na mão, que guardava com todo zelo no bolso, onde estava escrito 38.888,00. Ia ao Banco Sicoob todos os dias e dizia que estava indo trabalhar... E o seu amor pelas balas doces, papai? Chupava um pacote de balas por dia e a glicose era igual à de uma criança. Êta saúde de ferro!...

Gritava o dia todo, a cada cinco minutos, por Duda: "Duda, Duda, Duda!..." Ela já está sentindo falta de seus gritos e de todos os cuidados que tinha com você.

Bom, são muitas as lembranças boas e inesquecíveis de que vamos sempre recordar e que nos darão ânimo e energia para a longa caminhada rumo ao futuro da família! Fica um profundo vazio em nossos corações, com a sua repentina, surpreendente e chocante partida, mas o que nos acalenta é saber que o senhor, finalmente, reencontrou o amor de sua vida - o que tanto queria -, a nossa mamãe Marlene e o nosso também querido e saudoso irmão Antônio Lídio, o Tunídio. E que Deus tire de nossos corações todo sofrimento e dor!...

Nosso grupo do Whatzapp continuará falando também o tempo inteiro do senhor. Todo nosso cuidado, zelo, atenção com você ficarão agora somente nas lembranças, mas, fique tranquilo e na mais santa e perfeita paz, ao lado de Deus, em seus braços acolhedores, agora mais um Anjo do Senhor a nos olhar, cuidaremos uns dos outros, como o senhor sempre quis e fez! Vamos ver as suas fotos e os seus vídeos várias e várias vezes, porque isso nos ajudará a matar a saudade sem tamanho dentro de nós! Vamos rir das suas histórias, repetidamente e, certamente, estaremos mais felizes nesses momentos em que o teremos ao nosso lado novamente... Vamos cuidar para que seus bisnetos saibam o homem forte, trabalhador e de grande coração e caráter que foi! Eles certamente terão o mesmo sentimento de orgulho que experimentamos desde sempre! Vá em paz, papai, e fique bem! Estamos e estaremos aqui orando para que o senhor seja bem recepcionado aí em cima e continuaremos firmes e unidos contra a violência aqui na terra, onde o melhor dos seres, Nosso Senhor Jesus Cristo, passou por todas as provações, agressões, até ser levado à cruz!

Beijos no coração.

*Carta lida na Capela do Colégio Imaculada Conceição - Missa de 7º Dia de Ubaldino Pereira Veloso, celebrada linda e divinamente pelo Frei Domingos.*

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

- Crônica -

HISTÓRIAS JUNINAS
por Aristônio Canela*

As festas juninas brasileiras são o reflexo de várias culturas, sem perder a brasilidade de um país continental, falando várias línguas do norte ao sul, em que pese ter origem em muito conhecidos Santos de Portugal: Santo Antônio, São João e São Pedro, bem adaptados às nossas terras e merecedores de honras e vivas elevadas por seus milagres.

Tradicionalmente, iniciam-se em doze de junho, véspera de Santo Antônio; vinte e quatro, São João e vinte e nove, São Pedro.

As comemorações vieram nas embarcações portuguesas, no Período Colonial e sofreram modificações variadas pelas influências africanas e indígenas, criando características próprias em cada canto do país, não abalando jamais o grande pilar da fé, tendo, no crepitar das fogueiras, o calor e o lúmen, armas eficazes contra os maus espíritos, mostrando que o forte teor cristão se adaptou às idéias pagãs, numa atitude inteligente da Igreja, alertada pela incontrolável popularidade dos festejos, quando o povo sempre pede farturas nas colheitas, numa tradição enraizada em cada coração transbordante de esperanças nas missas, novenas e procissões, substanciando os alicerces católicos.

O lado lúdico vem nas brincadeiras do pau de sebo, no salta-fogueira, para efetivar os compadres, corrida de argolinhas, correio elegante, pescaria de prendas, música caipira animando as quadrilhas ou coleções, simpatia no comer do “pãozinho de Santo Antônio pelas moças casadoiras esperançando a saída do “caritó”, nicho na casa dos sertanejos pela donzela de aspectos eternos da solteirice.

Na mesa farta, encontra-se assados, guisados, caldos, paçoca de carne de sol com pimenta malagueta, quentão, cachaça da boa, pé de moleque, farofa, pipoca, canjica, cocada e outras tantas guloseimas.

As barraquinhas são decoradas com bandeirolas de várias cores, estampas do Santo homenageado, flores características da região e um destacado retrato do casal de festeiros.

Padre Mariano, dessa vez, queria superar qualquer outra manifestação de igual teor constituída pelas fazendas dos Coronéis, para demonstrar a supremacia da sua Igreja. Portanto, além do empenho de Dona Osmarina no comando do setor de quitutes, Dona Ediclene na divulgação, Dona Eufrosina com a tesoura na mão, muito eficaz e Dona Alfredina na decoração, tinha ainda seu Tenório Carne Seca, de andar apressado, olhos miúdos, bigodinho ralo, óculos de tartaruga na ponta do nariz avermelhado e adunco, cabelos oleosos jogados de lado, fala de palavras seguras e convincentes, como o grande captador de recursos com o direito decretado pelo pároco, de abençoar a todos os colaboradores, uns mais, outros menos, é claro, nas dependências do tamanho das doações, mas tudo revertido em favor da paróquia, nos seus três dias de leilão, culminando com a santa missa no domingo, celebrada, naquele ano, pelo Monsenhor Fratésio Galhardo, convidado querido, diretor geral do Seminário de Diamantina, coadjuvada pelo próprio Padre Mariano e ajudada, com toda pompa das novas vestimentas, por Carlim Tico Tico no turíbulo e companhias, sacristão de longa data, reconhecido por sua plena dedicação.

Os festeiros do ano eram Seu Florentino Calixto de Junqueira e Dona Maria Clara Silva de Junqueira, donos da fazenda “Baixa das Flores”, cujo carro chefe era a suinocultura, abastecendo vários supermercados de Montes Claros e preparando-se para romper os limites da cidade.

O filho, João Miguel, que servia o exército com a patente de Capitão, muito respeitado pelos seus pares, morador de Juazeiro na Bahia, um admirador das carrancas e do Velho Chico, teve confirmada sua presença e, certamente, participaria, com sua farda de gala, do cortejo saído da sede da fazenda.

A filha, Lindinéia Helena, a lindinha, no auge de seus trinta balzaquianos, xodó da família, formada em Zootecnia, responsável pela gestão, criação e aproveitamento dos produtos animais, era uma mulher de forte personalidade, além de bonita, inteligente e de extrema competência, focada unicamente no seu trabalho, alienando-se dos gostos mundanos, tirando de mim suspiros profundos ao ver aquela bocona sensual entregar-se apenas a sorrisos, não dando chances aos beijos meus, apesar de viver um clima favorável e incentivador das minhas expectativas.

A moça, vestida a caráter, seria sem dúvida a princesa mais desejada de todos os homens, enfeitando o Império de Seu Florentino e Dona Maria Clara.

No sábado, às nove da noite em ponto, o sino repicou, os fogos de artifício povoaram o céu em espocares coloridos por um quarto de hora, na riquíssima chegada do séquito, numa pompa jamais vista por aquelas bandas, trazendo uma grande novidade: uma enorme bandeira com a figura dos três santos, demonstrando a abrangência da fé, logo hasteada no centro da pracinha, para alegria de todos.

Girumim da Sanfona, Medim do Pandeiro, Lixandro da Zabumba, Cornélio do Triângulo e Otacílio no gogó, puxaram, afinadíssimos, “com a filha de João Antônio ia se casar, mas Pedro fugiu com a noiva, na hora de ir pro altar”... “O pau quebrou e quebrou gostoso”, com os casais “grudadim grudadim” em rodopios pelo “encimentado” na frente da Igreja, numa solta alegria.

Sentado confortavelmente num cantinho estratégico da barraca de Dona Isaltina Pinta-Roxa, degustando um licor de jenipapo e anéis de linguiça caseira, “garrado” numa prosa com Lilico Mimoso, no seu casaco rosa clarinho, gola alta, estampado de florinhas azuis, brilho nos lábios de botox, brinquinhos de pérola, unhas longas de esmalte escalarte, gestos felínicos, languidez na voz, lamentava o falecimento prematuro de Toizim Passo Preto, um guarda roupas crioulo, de um metro e oitenta, participante de folguedos inesquecíveis de seus lençóis, acontecido há três dias em Montes Claros, vítima de um rompimento de aneurisma cerebral...

Só percebi o correio elegante me trazendo um bilhetinho, nos seus últimos passos. Surpreso, desdobrei o papelzinho vermelho, cor das ardências amorosas e li ansioso: “Quando eu passar, discretamente é só me seguir. A porta da casa de Dona Frozina, aonde vou trocar de roupa, estará aberta. Teremos pouco tempo, mas poderá ser uma eternidade. Beijos, Lindinha”.

Instantes depois, num rabo de olho brejeiro, deixou seu perfume no ar flutuando no meu nariz, fazendo-me o cão farejador mais feliz do mundo.

Foram momentos intensos de uma paixão necessitada de plena liberdade entre bocas, línguas, mãos e almas famintas, só plenamente saciada quando o mundo nos pareceu uma fagulha cruzando o infinito do universo e criando um afrouxamento de nossos corpos.

Depois, esgueiramos por entre muros e nos vimos exultantes novamente na pracinha, guardando nosso segredo, compartilhado apenas num leve sorriso matreiro de lábios ainda no gosto de nossos céus. 

Não demorei mais e pus a caminhonete na estrada, numa terceira marcha, até as placas da entrada principal. Lá, num xixi arrepiante, após abrir a porteira, o som dos cascos de uma montaria aproximou-se rapidamente para personificar-se logo atrás de mim.

Meu coração largou do peito, pulou no chão e escondeu-se por entre os troncos dos eucaliptos, batendo queixo feito uma matraca.

Minhas vistas fizeram-se em certezas e a paixão de Lilico por inteiro se mostrou. De voz fraquinha, comentei: “MOÇO, OCÊ NUM TÁ MORTO?”

Uma gaitada varou minha madrugada e a voz clara respondeu: “UAI DOTÔ, O SINHÔ ASSIM TÁ MI DISMINUINO! QUEM MORREU FOI TOINZIM. EU SÔ TONHÃO PASSO PRETO, PRIMO DÊLL.”

O tempo parou para eu me recuperar do desfalecimento e trazer meu coração mofino de volta, ainda batendo num acelerado, ocupando seu verdadeiro lugar nesse meu peito alquebrado de sessenta e seis, ainda “doidim doidim” por novas aventuras.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Deus provê, Deus proverá, Sua misericórdia não faltará! 

- Homenagem -

PADRE PEDRO
 por Rosilene Santos Diana*

Foi Deus quem te deu a graça de seres quem és.
Tens o dom do serviço, da doação, da compaixão e do amor.
Dedicas teu tempo a apascentar o teu rebanho, preocupado cada vez mais com tuas ovelhas.
Por inúmeras vezes, esquece-te dos teus problemas, inquietando com os problemas dos outros.
És presença na vida de muitas pessoas, mas, se porventura te surgem momentos de solidão, faltam-te ouvidos e ombros para os teus desabafos.
És tão dedicado que, por diversas circunstâncias, não enxergam em ti o humano que és, provido de sentimentos e emoções.
Mesmo assim amas a missão que te foi confiada.
Tuas obras concorrem para a construção do Reino de Deus.
Tua existência faz toda a diferença no mundo!
Que a sua escolha pela vida sacerdotal seja coroada por infinitas graças em sua vida e de seus familiares e muitas bênçãos sejam derramadas em sua missão evangelizadora.
Que Deus nos dê como comunidade e paróquia, toda a compreensão, amor, bondade, interesse e perseverança para, juntos, realizarmos cada dia mais um mundo melhor, conforme a vontade do Pai.

PARABÉNS, PADRE PEDRO, E MUITO OBRIGADA PELO SEU SIM.

- Homenagem a Padre Pedro Henrique da Cruz, Pároco da Igreja de Santa Rita*
Equipe da Paróquia da Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia*

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