AMÉRICO MARTINS: O EXEMPLO DE SER E A HISTÓRIA ETERNIZADA
por Raquel Mendonça*
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Querido e saudoso 'Ameriquinho' |
Américo Martins Filho, o muito querido, admirado e
respeitado Ameriquinho, um dos maiores nomes da história da cidade e região,
partiu no último dia 12 de abril, deixando familiares e amigos desolados,
cheios de dor, consternação, o que aconteceu inesperadamente, porque a notícia
da semana anterior dava conta de que ele estava bem, que o seu quadro estava
estável. Parecia curado!
Ameriquinho entrou em nossas vidas através de Nílcea, filha
de Armênio Veloso (nosso tio-avô, irmão da muito querida, bondosa e saudosa vó
Nenzinha Veloso), esposa de Ubaldino Assis (Ubaldino de Assis Oliveira, grande
ser humano e advogado), com seus cinco filhos, entre eles Rosângela Veloso
Assis Martins, minha muito querida e saudosa "primamiga-irmã", que
nos chamava carinhosamente de Kekas e que visitávamos sempre que podíamos ou
nos chamava no apartamento do Edifício Vila Rica, saindo juntas, com Ana Bárbara,
muitas vezes, para reuniões festivas, encontros, missas, sem contarem as festas
de aniversário de Sophia, no então Imperial Eventos. Ela e Ameriquinho tiveram
os filhos Alexandre (Xande), que partiu precocemente; a muito querida Ângela,
casada com Robert Gregory, pais da linda Imperatriz do Divino das Festas de
Agosto de Montes Claros, Sophia, residentes em New York e Frederico (Fred),
que, sabemos, dará continuidade ao trabalho magistral do pai!
A nossa muito querida e saudosa Rosa partiu poucos anos
atrás, não antes de dizer ao esposo amado, ao entrar na sala de cirurgia:
"vou sobreviver, por nosso amor, por você!" e ele foi, enquanto
viveu, esposo fiel, leal de sua para sempre, eternamente amada Rosângela Veloso
Assis Martins, a quem eu e Ana Bárbara éramos muito ligadas e dela recebíamos
todo afeto, muito, muito amor e máxima consideração também!... "Ela
adorava vocês", nos repetia sempre Ameriquinho e a recíproca era
verdadeira! Temos sempre a sensação de que ela não partiu, que ainda está entre
nós, e, agora, voltou a ter ao seu lado o seu amado! O reencontro de
Ameriquinho com Rosa e Xande aconteceu, mas o pranto do neto Felipe no velório
partiu o coração dos que estavam presentes. O seminarista Valdeir, que levamos
até lá para as palavras finais, "deixou o Divino Espírito Santo ditar suas
palavras", e sei que ele foi em paz!
Ameriquinho, para mim e todos aqueles que conhecem a sua
extraordinária trajetória de vida, era uma referência, um exemplo de ser e
viver! Todos os prêmios do mundo seriam poucos e pequenos perto de seu
merecimento!... Ele morava no antigo Imperial Eventos, que ganhou o nome de
"Residencial Rosângela Veloso Assis Martins" assim que ela se foi,
situado ao lado de sua Fazenda Rocinha, na Avenida que leva o nome de seu pai,
Américo Martins, no Bairro Jaraguá II - Estrada da Produção, onde tinha seu
escritório e onde cães recolhidos por ele nas ruas têm o melhor cuidado em
canis e tratamento!... Atualmente, estão em torno de trezentos, mas já
alcançaram número maior!
Historiador, defensor ferrenho da Mãe Natureza, dos Irmãos
Animais - todos, sem exceção, pois era incapaz de matar uma barata, um
escorpião -, e de tanta coisa mais, que levaria um livro para descrever a sua
trajetória infinitamente produtiva e construtiva de vida, neste mundo nem
sempre bom, justo, humano como ele sempre demonstrou ser!... Calmo, gentil,
cortês, num profundo poço de sabedoria, respeito pela história e memória da
cidade! Uma palavra sua de orientação e conselhos correspondia a uma página
inteira! Dez linhas, se tanto, porque era conciso, correspondiam a grosso livro
de muitas lições de vida!... "Tenho um sistema próprio de ser", como
dizia a quem o julgava sistemático. Pena que, depois que Rosa se foi, só nos
vimos rapidamente duas ou três vezes, próximo à Secretaria de Cultura, no
Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, mas "após a pandemia
nós o visitaremos", como nos cobrou por telefone: "Você e Bárbara
precisam visitar Max, o animal sente falta do dono", um cão que era nosso
e ele o recebeu entre os seus. Outro contato para receber e enviar mensagens
era o e-mail, o mesmo de Rosa, que ele utilizava.
Um dia, conversando por telefone com ele, dizia de uma
figura capaz das coisas mais terríveis, uma "psicopata", que fazia o
mal sorrindo, friamente, sem contar a ambição, a usura, o amor maior pelas
moedas, a desonestidade, completando: "Olha, Ameriquinho, seria mais
adequado chamá-la de "psicorata", o que ele contestou, enfaticamente:
"Minha filha, não ofenda os ratos!..." Quase ri, mas logo percebi que
ele falava seriamente, e lhe pedi desculpas pela inadequada comparação, justo
junto a quem defendia todos os animais, sem exceção! Cada animal do mundo
contava com lugar marcado no seu coração, e creio que lugar algum teve ou tinha
defensor igual dos animais! Foi, sem dúvida alguma, o maior ou um dos maiores
defensores do mundo!...
O belo "Monumento aos Tropeiros" foi um dos
presentes seus à cidade de Montes Claros, fabricado na Oficina da talentosa e
primorosa "Dedo de Gente" (www.dedodegente.com.br) de Curvelo,
situada na Rua Uberaba, nº 65 - Praça do Santuário, do CPCD - Centro Popular de
Cultura e Desenvolvimento, de Belo Horizonte, que tem à frente o grande nome do
especial amigo Tião Rocha! A Dedo de Gente, com sede também em outras cidades
mineiras, como Araçuaí, Raposos e Água Limpa, faz em Curvelo o que Gu Ferreira
e Charles Hermenegildo fazem aqui em Montes Claros: esplêndidas artes em
sucata, com pedaços de ferro, metal, o que for! Lá estivemos com Rosa, quando
era confeccionado o monumento, a cuja inauguração não pudemos comparecer!...
Américo Martins Filho que, além de empresário, era também
fazendeiro de Urucuia, jornalista e fundador do antigo Jornal do Norte, junto a
outro grande nome, Tony Santos (Jorge Antônio Santos, filho do notável ex
Prefeito e generoso médico, Dr. Pedro Santos) manteve em sua Rocinha o rico e
precioso acervo da imprensa escrita montes-clarense, com coleções de todas as
edições do Jornal do Norte, Diário de Montes Claros, Jornal de Notícias, etc,
além de fotografias raras, revistas antigas e vídeos feitos pelo gênio da área,
Miro Vídeo, acervo este que ganhou o mundo, através das redes sociais, pelas
mãos de seu filho Frederico, mas que sempre esteve aberto a visitas de
professores e estudantes universitários, para pesquisas as mais diversas.
Muitas vezes, agendamos com ele visitas de mestrandos, doutorandos, em nosso
setor na Secretaria de Cultura, que manifestavam interesse em conhecer o
importante acervo, quando informávamos a sua rotina de horários para tal
atendimento.
Você se foi desta terra, como sempre discreta,
silenciosamente, onde se transformou em semente a ser para sempre geminada -
amanhã surgirão em todos os lugares onde se fazem necessárias plantas as mais
diversas, árvores as mais frondosas, em honra e homenagem ao grande
ambientalista -. Palmas para o grande, incomparável Defensor dos Animais,
Guardião da Imprensa Montes-clarense, amigo-irmão com atenção de pai, a mão e o
coração abertos, estendidos aos que nada ou pouco tinham, como se numa última
viagem de trem, os trilhos voltados aos céus, sertão acima, e aqui ficamos
todos órfãos de um cidadão inigualável, sinônimo de "paz-ciência",
que gostava de citar Buda, na sábia frase "A paciência é a melhor das
armas"! Venceu todas as batalhas, cumpriu todas as missões com coragem e
correção e hoje é só saudade!... Contribuiu de mil formas e maneiras para o
desenvolvimento e engrandecimento de Montes Claros e região. A sua morada nos
céus concentra-se também, com carinho e admiração, no coração de todos que
tiveram a honra de conhecê-lo!...
Viva Américo Martins Filho, o inesquecível Ameriquinho! Para
sempre, Viva!...
- Jornalista, Historiadora, Escritora e Promotora Cultural –